sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Joan of Arc : Orléans Draw & Write


Baseado na experiência do Orléans de tabuleiro, em Joan of Arc levamos basicamente todos os seus elementos para uma experiência de "draw & write" fluida e divertida como vou explicar agora.

No setup cada jogador recebe uma grande folha de anotações onde temos o mapa da França ocupando uma metade e na outra espaços de armazém, banco, as ações especiais e na base da folha a trilha de desenvolvimento.

Adicionalmente temos uma sacolinha onde são colocados várias fichas com os seguidores, como no Orléans eles dirão o tipo de ação que o jogador irá executar a cada turno, além disso temos um conjunto de cartas de lugares que substituem as ações especiais da folha depois das primeiras partidas para dar uma rejogabilidade maior.


Você sorteia os seguidores que serão usados nas ações do turno.

Cada turno do Joan of Arc começa com o jogador da vez sacando uma quantidade de fichas do saquinho (geralmente o número de jogadores mais um), então na ordem cada um escolhe uma dessas fichas e executa a ação delas e o jogador da vez tem sempre uma ação à mais.

As ações são várias, podemos avançar no mapa de forma terrestre ou marítima, ganhar recursos no armazém, construir postos de trocas, conseguir moedas, comprar as ações especiais (que dão uma bombada nas básicas) e avançar na trilha de desenvolvimento.

Como na grande maioria dos jogos de "rabiscar" o grande lance é você tentar fazer combinhos para as suas ações ficarem cada vez melhores e com mais possibilidades e aqui não é diferente, conforme você vai marcando os espaços tem possibilidades de ganhar pequenos bônus ou multiplicadores pra pontuação final.


Dependendo da ação, marca na sua folha (aqui um avanço marítimo).

Só que você precisa ficar ligado pois as melhores vantagens, principalmente para o final do jogo, são corridinhas de quem conseguir marcar primeiro ferra os amiguinhos, então Joan of Arc foge um pouco do "multiplayer solitaire" que costumam ser os jogos de "rabiscar".

A rodada termina depois de alguns turnos rodando o saquinho e ao final da quantidade de rodadas igual a quantidade de jogadores vamos conferir as pontuações e quem tiver o maior somatório é o vencedor.

Confesso que eu curti mais jogar o Joan of Arc do que tinha curtido jogar o Orleáns (que pra mim foi rapidamente suplantado pelo Altiplano), mesmo achando que ele chegou tarde na onda dos jogos de "rabiscar" acredito que quem jogá-lo vai curtir a experiência.


Conforme for fechando colunas e linhas, pode ir recebendo bônus interessantes.
 

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Bravo!


Respeitável público!!! Em Bravo! os jogadores terão a missão de contratar as melhores atrações para o seu circo, mas você tem um orçamento super limitado e precisa saber ir bem ao mercado para escolher o que o público necessita e assim conseguir ser o melhor circo da cidade.

No setup inicial cada jogador receberá a sua tenda de circo e um Apresentador com duas atrações que te darão um norte nas suas compras, além disso recebem 15 dinheiros para usar nas 17 rodadas de leilão e três tickets que te ajudam durante a partida.

Em cada rodada os jogadores vão dar lances para serem o Mestre de Cerimônias e ter o direito de escolher peças para colocar no seu circo.


O Mestre de Cerimônias da vez escolhe qual peça será escolhida para o circo.

Existem três tipos de peças, os picadeiros internos e externos que vem com os seis tipos de atração do circo e a plateia vem com os vendedores e também bom as atrações que eles querem ver.

O Mestre de Cerimônias da rodada escolhe o tipo de peça a ser colocada no circo, partindo do jogador a esquerda dele todos darão um lance único ou passarão, o vencedor desse leilão é o próximo Mestre de Cerimônias e começa escolhendo qual peça dentre as abertas ele quer colocar.

Conforme o jogo avança, seu circo vai tomando forma e você foca em determinadas atrações.

O grande perigo aqui é que o dinheiro é realmente muito curto, você tem 15 dinheiros pro jogo todo então os lances não costumam ser muito altos, para tentar te dar uma manobra maior você tem os tickets que podem virar 3 dinheiros ou abrir uma peça nova no caso das disponíveis naquele leilão não serem o que você está querendo.

Depois das 17 rodadas os circos estão todos prontos e contamos os pontos, cada atração é contada pela quantidade do valor das suas peças por quantas vezes o público pediu aquela atração, temos os palhaços que contam por duplas e também três cartas de objetivos, somado isso tudo quem tiver o maior valor é o vencedor.

Bravo! é um jogo bem família com regras simples, boa jogabilidade e um sistema de leilão bem funcional, gostaria que tivessem mais cartas de objetivos, mas é mais um jogo bacana do Robert Coelho e que chega ao mercado pela Estrela.


No fim do jogo a pontuação e dada e quem tiver o melhor circo ganha.
 

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Shinkansen: Zero-Kei


Em 1959 os japoneses começam a construção da linha férrea de Shinkansen que seria a "casa" do trem mais rápido de todos os tempos e seria o meio de locomoção mais importante para a vindoura olimpíada de Tóquio em 1964 e em Shinkansen : Zero Kei estamos trabalhando na construção dessa grande obra.

O jogo tem um mapa central com as cidades por onde passarão os trilhos, são 12 no total e vão de Osaka a Tóquio, também nesse mapa são abertas 5 cartas de eventos representando os 5 turnos do jogo além do mercado de trilhos e as estações que serão construídas.

Cada jogador recebe um marcador de ordem de turno, uma carta de locomotiva e uma carta da parte traseira do trem e uma quantidade de dinheiro baseada nas cartas de eventos que foram abertas para o jogo e com isso tudo entregue a partida pode começar.

As cartas de evento definem o rumo das rodadas.

As rodadas do Shinkansen são super simples e pouco demoradas, na primeira fase os jogadores vão escolher entre as cartas de vagão do trem qual vão querer colocando seu marcador de ordem de turno na escolhida.

A segunda fase seguindo a ordem de escolha o jogador pega aquela seção que escolheu, move a traseira do trem para direita e coloca ela lá, então baseado na carta de evento do turno atual realiza todas as suas ações.

As ações disponíveis estão no seu trem, na carta de evento do turno atual ou até mesmo nas locomotivas dos outros jogadores (mas nesse caso quem ganha o custo é o amiguinho) e são cinco ações principais no jogo : preparar o terreno, construir trilhos, construir estações, ajudar às cidades olímpicas e rearrumar os vagões do seu trem.


Os espaços de ações são o seu próprio trem.

Todas as cartas de vagão são atreladas a alguma(s) cidade(s) do tabuleiro e ter essa cidade desenvolvida é o que vai te dar pontos de vitória ao final do jogo e para desenvolve-la os jogadores precisam ficar ligados em que ali tenham trilhos e estações.

Outra coisa bem legal do jogo é que você precisa tentar sempre deixar os seus vagões em ordem numérica, pois você ganha bastante pontos se a sua maior sequência de vagões tiver com trilhos direitinho.

Mais pontos também podem ser conseguidos através da ajuda às cidades olímpicas, mas aqui os jogadores travam um "controle de área" usando suas piras olímpicas, pois no final da partida só vai pontuar aquela cidade quem tiver a maioria de piras lá, e gastar essas piras também é crucial pois elas deduzem pontos caso você nas as use.

Conforme as cidades ganham estações e trilhos, mais pontos os jogadores vão conseguir.

Ao final das cinco rodadas contam-se os pontos de cada cidade (podendo inclusive ter perda de pontuação), os locais das olimpíadas, os trechos conectados e recursos não utilizados e quem tiver a maior pontuação é o vencedor.

Shinkansen : Zero Kei surpreendeu legal, é um euro muito bem amarradinho com decisões importantes a serem tomadas durante a partida, um bom jogo de observação pois com quantidade de ações apertada vale você as vezes deixar o amiguinho levantar uma cidade que ele também tem vagão e se concentrar em outra coisa. Muito bom jogo!


Ajudar as cidades olímpicas é muito importante que além de pontos ainda te dão ações.
 

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Caverna : Os Povos Esquecidos


Caverna é para mim um dos melhores jogos de todos os tempos, uma obra-prima do grande Uwe Rosenberg e que somente com o jogo base já traz para mesa uma complexidade e prazer que apenas um seleto grupo de jogo proporciona (tem resenha dele aqui).

Dito isso lembro que quando a expansão d'Os Povos Esquecidos saiu na Essen de 2018 eu fiquei bastante animado com as possibilidades e depois do Fel Barros (outro grande fã do jogo) me falar que depois dela nunca mais jogaria somente com o base eu fiquei ainda mais pilhado pra tê-la e depois de anos sem consegui-la finalmente ela chega ao Brasil.

Nessa expansão temos 8 raças assimétricas para os jogadores começarem as partidas, cada raça escolhida no setup inicial traz novas peças de mobília que substituem alguma do jogo base fazendo com que o mercado fique bem diferente a cada partida.

Oito raças que dão um "sabor" todo novo ao Caverna.

Além disso são introduzidos dois novos recursos, os cogumelos que podem ser trocados por legumes a qualquer momento e valem como dois alimentos e as frutas-joia que podem ser trocadas por rubis e também valem como dois alimentos caso você precise.

Mas o mais legal são realmente as novas raças e o que cada uma traz de novidade tanto no setup quanto na forma de jogar com por exemplo os Elfos que são criaturas da floresta então você pode construir peças de mobília livremente fora das cavernas.

Dependendo da raça na hora da construção você pode construir mobílias fora da caverna.

Outra raça bem legal são os Silicoides, criaturas que parecem feitas de rochas e que tem como fonte principal de alimentação as pedras e também acabam tendo desconto nas construções que necessitem pedras como custo.

Completando as novidades temos a adição dos Goblins que funcionam como os anões adicionais do jogo base, mas são preguiçosos e desastrados, então toda vem que você escolher um Goblin para realizar uma das ações de colheita, ele vai acabar deixando cair alguma coisa pelo caminho além de precisar ser usado por último na hora da escolha dos trabalhadores.

Todas essas novidades realmente dão um novo vigor ao Caverna original e fazem de cada nova partida uma experiência bem diferente da anterior pela combinação de raças que podem aparecer e mobílias que entrarão no setup e se o jogo já era maravilhoso realmente com Os Povos Esquecidos fica ainda melhor.

Além de novas raças, novos recursos como as fruta-joia.
 

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Flotilla


Testes nucleares no Atol de Bikini causaram um explosão mil vezes maior do que o esperado e o que se seguiu foram tsunamis e terremotos que dizimaram boa parte da população mundial e deixaram continentes submersos e agora o que restou da raça humana se reúne em aglomerados de sucatas para tentarem sobreviver, a essas novas estruturas damos o nome de Flotilla.

Cada jogador é um capitão que tem como missão formar uma tripulação buscando nomes nas guildas que se formaram para conseguir recursos em buscas pelo mar para quem sabe conseguir aumentar a capacidade da sua Flotilla.

O jogo começa em um espaço central de uma Flotilla única, mas cada jogador terá uma peça de partida e uma esquife além de uma tripulação inicial de 6 cartas, as guildas vão oferecer novos tripulantes de quatro guildas que são cartas mais fortes para as ações do jogo.

As guildas fornecem novos tripulantes para ajudar você e sua flotilla.

A rodada é mecanicamente bem simples, você tem as cartas disponíveis na mão, baixa uma delas e realiza a ação correspondente deixando aquela carta no descarte até que use o Capitão para recolher todas as cartas já utilizadas de volta para a sua mão novamente.

As guildas te dão uma orientação sobre as ações, os Oradores são tripulantes que vão te ajudar a conseguir influência nas guildas, os Comerciantes te ajudam na compra e venda de recursos além de novos esquifes e postos avançados, os Fundadores vão te dar tiles para ir avançando em alto mar e ter mais opções de pesquisa de recursos e os Escavadores são os que te dão a possibilidade de conseguir recursos.

Enquanto você estiver no modo submarino, explorar o mar atrás de recursos é ótimo.

Mas o que me deixou bem impressionado no jogo é uma ação que você pode fazer em qualquer momento da partida em transformar o seu jogo do lado submarino (onde você avança com tiles para conseguir recursos) para o lado sideral.

O lado sideral trabalha de forma bem diferente, primeiro que você consegue agora muito mais dinheiro do que os barris de recursos, todo o avanço náutico que você tinha feito vira uma pilha de construção e você passa agora a usar recursos para aumentar a Flotilla.

Isso é muito bacana e o timing dessa virada de jogo é totalmente definido pelo jogador e o mais interessante é que os outros podem continuar sua jornada no lado submarino de boa pois ambos os lados tem formas de pontuação bem boas, então dá pra esperar ou até mesmo abrir mão de ir para o lado sideral (embora valha à pena em algum momento).

Uma vez que os recursos são encontrados, precisam ser levados para o cais.

O jogo avança até que a quantidade de pontos selecionada pelo número de jogadores seja toda exaurida, temos uma rodada final, contamos mais uns pontinhos para recursos e grana não utilizados e perdemos alguns pela toxidade (que você vai recebendo durante o jogo de diversas formas) e quem tiver a maior pontuação é o vencedor.

Flotilla é um jogo muito bom, gosto muito do sistema de deck-building mas com todas as cartas disponíveis para você usar o lance de ficar juntando recurso pra quando virar pro lado sideral já conseguir construir logo é muito legal, enfim é um jogo que teve um lançamento discreto mas que merecia ser melhor explorado.


Quando você achar que é o momento, virar para o lado sideral pode te dar muitos pontos.