quarta-feira, 18 de setembro de 2019

When I Dream


O que eu mais gosto em jogos de tabuleiro é a possibilidade de criar experiências diferentes com um punhado de papel, pecinhas, dados e outras coisas triviais. Sou especialmente atento à party games justamente por que a relação entre a emoção proporcionada versus simplicidade dos componentes é muito interessante. Quando ouvi do When I Dream pela primeira vez fiquei curioso, mas não especialmente tocado. Achei a proposta dos 3 personagens diferentes (explico adiante) interessante, mas não consegui visualizar na prática e o visual das cartas me enganou, fazendo pensar que seria um derivado de Dixit.

Até que eu peguei o jogo para brincar com minha patota de party games e... QUE PARADA LOUCA, CARA!

Como funciona a brincadeira?

O jogo tem tantas rodadas quanto o número de participantes. Em cada rodada um jogador será o Sonhador, que usa uma venda para que não veja as cartas na mesa.

Os demais jogadores sorteiam o papel que vão desempenhar na rodada, podendo ser fadas, bichos-papão ou o misterioso Sandman. Aqui eu preciso dizer que os componentes do jogo são lindos e muito bem feitos, no centro da mesa temos uma cama e sobre ela uma centena de cartas magníficas com ilustrações muito doidas que misturam duas palavras. A cada partida vocês escolhe um lado das cartas e cobre o outro, ficando somente uma das duas palavras à mostra.


Com tudo preparado, a rodada começa! O objetivo do sonhador é acertar o maior número de palavras que vão aparecendo uma a uma no topo da pilha, para isso ele conta com a "ajuda" dos jogadores que darão pistas falando uma palavra por vez, alternadamente. Os jogadores no papel da Fada devem ajudar o Sonhador a acertar, dando pistas corretas. Quem for bicho-papão, tenta dar dicas falsas fazendo o Sonhador errar. Já o Sandman busca equilibrar erros e acertos do Sonhador.

Uma ampulheta de 2 minutos controla o tempo da rodada, quando o Sonhador dá o seu palpite ou desiste, os jogadores devem colocar a carta na pilha de erro ou de acerto, revelando a próxima palavra. Todo mundo está com pressa, quanto mais erros ou mais acertos, mais pontos para algum time.

Existe um conjunto de regras bem definidas sobre o que você pode falar ou não como pista. Se a palavra for Porco, eu não posso falar Pig (outro idioma) ou uma palavra com sonoridade parecida, mas fora de contexto (forco, orco, lorco?). No geral, qualquer coisa que soe como trapaça deve ter uma regra proibindo.


A cada rodada, o Sonhador e as fadas ganham 1 ponto para cada carta na pilha de acertos, os bichos-papão ganham 1 ponto por carta no erro. Já o Sandman ganha pontos de acordo com a diferença entre as pilhas de certo e errado: se as pilhas forem iguais, ganha ponto igual ao número de cartas numa das pilhas, mais 2 pontos bônus; se a diferença for igual a uma carta, ganha pontos igual ao tamanho da pilha maior; se a diferença foi dois ou mais, ganha pontos igual a pilha menor. Finalmente, o sonhador tem a oportunidade de ganhar pontos extras se conseguir "lembrar o seu sonho", falando de cabeça todas as cartas que acertou.

Terminada a rodada, a venda passa para o próximo Sonhador, os jogadores sorteiam seus papéis novamente e lá vamos nós.

Por que é tão legal?

Imagina que você está de olhos vendados ouvindo várias palavras aparentemente desconexas. Sua missão é aguçar mente e ouvido para: descobrir o que se relaciona com tais palavras e pode ser a carta na mesa, saber quem está do seu lado e quem está mentindo, saber quem ora mente, ora fala a verdade (o Sandman) e ainda por cima tentar guardar na cachola as palavras que vão compor seu sonho e garantir uns pontos a mais.

O jogo durante a feira de Essen 2018.

Do lado de quem não é o sonhador, a experiência exige pensamento rápido para falar pistas de qualidade o mais rápido o possível e quando se é o Sandman, ficar atento ao resultado para mudar de estratégia.

Se você tem um grupo casual e procura uma experiência diferente do Dixit e outros jogos de charada onde o grupo tem que acertar as pistas de alguém (como Concept, Imagine etc), When I Dream representa a inversão dessa dinâmica: agora um tem que lidar com as pistas do grupo.

Para a turma mais hard core do jogo de tabuleiro, When I Dream é uma experiência que não tem paralelo disponível no mercado e vai ser ótimo conhecer. Pode ficar tranquilamente na coleção para momentos mais descontraídos em seu grupo ou com a família.

A postagem de hoje é uma colaboração do Romulo Marques, grande amigo e autor dos jogos Gekido e Die die DIE.


http://hamburgueriabeb.com.br/

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