sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Retrospectiva 2024

É isso amigos, mais um ano se passou e acabou que esse foi um ano atípico para mim e em consequência para o blog.

Joguei menos do que de costume, escrevi (muito) menos do que em anos anteriores e devo isso ao fato de estar meio cansado de a cada dia ver o espaço dos produtores de conteúdo escrito ir diminuindo tanto em "prestígio" junto as editoras quanto mesmo junto ao povo que consome, o resultado disso é um desânimo danado em continuar e isso reflete nos números de postagens.


Ano em que os "velhos" apareceram mais, isso serve pros jogos e pros amigos.

Mas em contrapartida o meu lado jogador acabou ganhando um rejuvenescida, pois tirando cada vez mais a "obrigação" de precisar jogar os jogos novos o tempo todo tenho conseguido jogar com mais prazer, revisitei muitos jogos que não viam mesa, conheci outros estavam esquecidos e o mais legal, voltei a estar mais com a turma que me fez ficar apaixonado pelos jogos de tabuleiro.

Enfim, um breve desabafo mas vamos aos destaques (e decepções) de 2024.

Os jogos mais pesados sempre me chamam atenção e esse ano joguei umas coisas bem bacanas mas nenhum dele me despertou paixão tão grande como o Revive, que jogo maravilhoso, tive a chance de jogar uma edição já com expansão de um amigo e logo corri atrás da minha cópia (valeu Alquimistas dos Jogos).

Inferno é um que chegou agora no final do ano e entrou logo na segunda posição do meu ranking de 2024, que jogaço, gosto do "caminho das almas" e do woker-placement dele.

A terceira posição foi mais difícil de decidir, muitos ficaram ali empatados mas pela forma, produção e desenvolvimento do jogo o Pax Pamir vai fechar o pódium, mas poderiam estar nessa colocação jogos como Minos, White Castle, Delta, Êxodo, 3 Ring Circus e Acquire.

Nos jogos nacionais acabou que joguei mais protótipos do que jogos prontos esse ano, mas muita coisa legal vai sair até por conta de uma participação mais aguda da galera do Meeple Starter dando uma ajuda legal aos projetos.

Meu primeiro lugar fica com o Persona Non Grata do mestre Sergio Halaban, joguinho gostoso de cartas com umas sacadas muito inteligentes e que saiu pela Dijon Jogos esse ano.

Em segundo coloquei um protótipo mas que em breve já vai estar chegando nas mesas, o Dez Pragas do Egito do Marcos Macri, outro dos autores nacionais que estão aí na batalha a bastante tempo fazendo acontencer.


Sergio de passagem pelo Rio para apresentar o Persona.

E fechando a lista o Tributo a Mondrian do Danilo Valente, que me pega por dois motivos, primeiro por ser um  um dos meus artistas preferidos como também ser um jogo de "qualquer coisa and write" que eu sou fã de carteirinha, aí não tinha como não estar na minha lista.

Mas sempre tem aqueles jogos que a gente joga acaba se arrependendo de ter gasto tempo neles, eu vou colocar nessa lista o Zapotec e o Mindbug entre os que eu joguei pela primeira (e única) vez e também um que eu revisitei pra nunca mais, o Age of Mithology, rapaz como envelheceu mal esse aqui.


Jogando um Revive em um dos Churras Game desse ano.

Nos eventos sempre destacando o Diversão Offline cada vez maior, mas foi um ano em que me diverti mais nos eventos locais com a minha filhota que tem me acompanhado nas jogas das queridonas da Rainbow Meeple e no Se Joga, também tem o Churras Game que é um evento que eu gosto muito de ir com comida farta e muitos jogos.

É isso, embora aos trancos e barrancos chegamos ao final de mais um ano lúdico, acho que ano que vem tento dar uma injeção de ânimo pra escrever mais, até quem sabe revivendo as postagens de "session reports" quando jogarmos as velharias que acho que valem à pena o público que tá chegando novo conhecer.

ATÉ 2025 E BOA VIRADA DE ANO PARA TODOS!!!

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Acquire e o jogos que souberam evenlhecer

Ontem joguei finalmente um dos grandes clássicos dos jogos de tabuleiro, trata-se do Acquire, um jogo de 1964 do mestre Sid Sackson e que de lá pra cá teve poucos ajustes de regras, umas versões lindas e até as indefectíveis versões "pirata" nos anos 70/80 no Brasil.

No jogo somos especuladores imobiliários vendo empresas construindo redes de hotéis, especulando com as suas ações e vendo as maiores "comerem" as menores no grande "ciclo da vida" das empresas.

O tabuleiro é uma matriz com letras e números, os jogadores recebem inicialmente uma quantidade em dinheiro e 5 peças referentes a espaços no tabuleiro, na sua vez você deve colocar uma dessas peças no tabuleiro e se duas ou mais estiverem adjacentes você funda uma empresa.


Versão da Galápagos tá muito bonita e o jogo é muito bom!

A sacada do jogo está no fato que se por acaso uma peça a ser colocada junta duas empresas a maior absorve a menor que deixa de existir (por enquanto) e os acionistas vão ganhar dinheiro com as ações que tem dela.

Ao final do jogo quem for o investidor com mais dinheiro é o vencedor, simples assim.

E é nessa simplicidade que o jogo com mais de 40 anos se mantém no mercado não só recebendo sempre versões atualizadas (algumas com componentes lindíssimos) como também serve de inspiração para mecânicas de jogos mais atuais como o Foundations of Rome.


Cartel foi a versão "abrasileirada" do Acquire lançada lá nos anos 70.

Nesse ponto vale ressaltar que não é porque o jogo tem certa rodagem que ele envelheceu mal, ontem na jogatina que rolou o Acquire jogamos ainda o El Grande (de 1995) que é outro excelente exemplo de jogo que continua lindo de jogar, mesmo caso do Catan (também de 1995) que foi o grande responsável pela retomada dos jogos de tabuleiro e que ainda é referência.

Obviamente existem os casos de jogos que já foram febre e que envelheceram igual leite como Monopoly e RISK, embora esse segundo tenha recebido updates e novas versões durante os anos para corrigir coisas (como no ótimo RISK 2210).

Acquire chega então na sua versão mais atual no Brasil com uma edição super caprichada e que torço para que chegue na mesa de muitos jogadores para que possam ter acesso a um jogão de regras simples, gostoso de jogar e que se provou capaz de atravessar gerações. 


Eu sempre defendo o El Grande como jogo que envelheceu sem perder o brilho.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Inferno

Estamos em uma decadente Florença onde o pecado e a podridão vivem lado a lado e você com sua ajuda os nove círculo do Inferno vão se enchendo de novas almas para que o nome de sua família seja o mais infame.

Em Inferno temos um grande (e lindo) tabuleiro central com a cidade de Florença e seus distritos e abaixo da cidade o inferno com seus 9 círculos de expiação para onde serão mandadas as almas que nos darão pontos de infâmia durante o jogo.

Cada jogador tem seu tabuleiro pessoal com sua torre ainda em construção e seus primeiros membros da família, que são seus trabalhadores para realizar as ações durante a partida.


Em Florença as intrigas correm solta e é fácil você mandar alguém pra ser executado.

Inferno baseia-se na obra de Dante Alighieri e é ele que vai se movendo numa trilha do tabuleiro central quem vai indicar o andamento do jogo e disparar o seu final, para isso cada rodada é realizada com as seguintes etapas, a fase do inferno e a fase de Florença.

Na fase do inferno o jogador da vez escolhe uma alma que esteja no cemitério para ser enviada para as profundezas (precisando pagar a moeda do Caronte para atravessar o rio) ou afundar alguma alma que ainda não tenha chegado ao seu devido círculo de expiação.

Mas é na fase de Florença que as ações são realizadas, aqui temos quatro espaços de acesso livre e outros quatro espaços que precisam de algum pré-requisito para ser acessado.


Sua família pretende ser a mais infame e fará de tudo para isso.

Além disso existem 4 distritos na cidade (cada um com dois espaços de ação) e aonde você pode alocar seu familiar também é intimamente ligado à alma que você enviou para o inferno, então a movimentação no submundo é importante para você não precisar ficar gastando seus florins.

As ações são bem variadas, você vai aumentar sua torre para conseguir mais espaços para chamar convidados importantes, também vai aumentar sua família adotando orfãos que vão te ajudar durante o jogo, trocar florins por dracmas, conseguir cartas de fraude, acessar o mercado entre outras variações.

Mas a grande sacada do jogo é quando você fica sem seus familiares, nesse momento você precisa acusar um pecador, nesse momento você usa um dos familiares alocados e dedura algum membro de Florença que vai ser executado, mas isso obviamente tem seu preço, esse membro da família vai precisar ficar escondido na torre (e ele não é usado nas ações seguintes até ser liberado), já os outros membros da sua família voltam pra casa.


No inferno apenas os monstros vão escutar o grito das almas.

Você ganha muitos bônus nessa hora além de avançar com Dante, o que vai fazer com que o jogo caminhe para o seu final.

Outra coisa legal que eu quase me esqueço são os dois monstros de ficam vagando pelo inferno, sempre no início da partida escolhemos dois entre os 6 disponíveis no jogo e eles dão uma graça à mais lá embaixo ou ajudando que os move ou atrapalhando os amiguinhos.

Ao final da partida muitos pontos de infâmia são contados por diversas situações no tabuleiro e a família mais infame é a vencedora.

Inferno é um jogo bem bacana, a movimentação das almas tem umas sacadinhas muito boas, como disse mais acima o lance de Florença com a família é muito legal e o jogo flui super bem, curti um bocado e chegou pra ser um dos candidatos a melhor do ano.


No final do jogo o submundo está bem cheio e você vai ganhar muitos pontos por isso.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Êxodo


Em Êxodo o seu planeta natal está prestes a queimar devido a explosão do sol, mas cientistas já conseguiram achar um novo lar para seu povo e uma corrida entre as nações está começando para saber que chega ao novo planeta primeiro.

No centro da mesa temos um grande mapa com o planeta a ser evacuado e o novo planeta que vai receber a nossa civilização além de ficar com o mercado de naves, novos estádios e as cartas de infraestrutura, cada jogador recebe um tabuleiro individual com uma grade de tecnologias, um estádio inicial e as cartas que servem como marcadores das ações.

Cada partida dura no máximo 4 rodadas (sem ser na regra de corrida) e cada uma das rodadas é dividida em 7 fases onde teremos a receita, as ações, o transporte, a mudança na ordem do turno, avanços na trilha de progresso, bônus de fim de ano (rodada) e manutenção da rodada.


Do Velho Mundo você precisa levar tudo para o outro planeta antes que seja tarde demais.

A receita do jogo vem através dos prédios no Velho Mundo que rendem recursos para lá e você vai precisar construir novos prédios no Novo Mundo para ter recursos por lá, isso é muito importante pois você pra conseguir as construções no Novo Mundo precisa que os recursos estejam por lá.

As ações em Êxodo são feitas através de cartas que são colocadas nos campos do tabuleiro pessoal e também são marcadas na trilha de ações, pois quanto mais ações você fizer, mais energia você gasta, então esse é um daqueles jogos de "cobertor curto" onde pensar bem a sua rodada é primordial.


No seu tabuleiro pessoal marcamos as tecnologias e as ações.

Nas ações nós vamos basicamente conseguir recursos, construir as infraestruturas (que vão para a mão e depois vão te dar bônus) e fábricas, pesquisar tecnologias, povoar o novo mundo, construir naves e estádios.

Depois que todos os jogadores passarem vem a fase de transporte onde levaremos as fábricas, população e recursos do Velho Mundo para o Novo e essa é uma tarefa importantíssima pois tudo que ficar no Velho Mundo contará como pontuação negativa para você ao final do jogo.

Outro aspecto importante do jogo é na trilha de progresso, lá os jogadores precisam ir avançando conforme usam ações para que consigam desbloquear novas áreas de construção no Novo Mundo, então tudo é muito interligado no jogo você precisa ficar atento o tempo todo.


Importante construir logo naves para a fase de transporte.

No final do 4 ano (rodada) o jogo termina e pontuações são dadas pela felicidade do seu povo (que você ganha pelos estádios construídos), muitos pontos são tirados pelas estruturas deixadas no Velho Mundo e quem tiver a maior pontuação ao final da partida é o vencedor.

Êxodo é mais um excelente jogo do grande Vladmír Suchý, autor de quem eu sou fã, que mais uma vez traz um jogo muito coeso com sacadas muito boas de regras e que com certeza vai agradar aos fãs de euros inteligentes (e apertados).


Conforme o jogo avança o Novo Mundo vai ficando cheio.