terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Ludoteca Básica : Saint Petersburg


Como falei pra vocês recentemente, temos revisitado grandes clássicos e vendo que uns envelheceram bem e outros nem tanto, aqui um caso de um que continua sendo um dos grandes jogos modernos e que ainda brilha na mesa, o Saint Petersburg.

Lançado originalmente em 2004 com uma arte bisonha de feia, ele é um jogo onde temos um tabuleiro central onde ficarão disponíveis cartas para serem compradas pelos jogadores que assim farão sets para ganhar dinheiro e pontos.

O jogo tem 4 fases distintas onde na primeira compraremos trabalhadores que ao final da fase dão dinheiro aos jogadores, depois temos a fase das construções que na maioria das vezes rendem pontos, passamos então para a fase dos nobres que dão pontos e grana e finalmente para a carta de trocas que serão upgrades dessas três outras fases.


A primeira versão dele tinha uma arte muito tosca, então te ganhava pela qualidade do jogo.

A grande sacada do Saint Petersburg é que o jogo é muito apertado de grana e você precisa dela o tempo todo para comprar as cartas para sua mesa, o máximo que dá para postergar é deixar alguma cartinha (até três) na sua mão, mas caso você não consiga compra-las até o final da partida elas vão te tirar muitos pontos.

No jogo base não temos muita coisa de prédios especiais nem nada, é tudo muito simples e então é uma questão mesmo de tentar se planejar da melhor forma pois trabalhadores iguais vão dar descontos assim como prédios, upgrades você só vai pagar a diferença então é bom pensar qual o melhor manter ou deixar passar.

Assim que um dos quatro decks termina o jogo acaba e vamos receber (muitos) pontos pela quantidade de nobres diferentes que temos baixado e perderemos pontos pelas cartas que estão na nossa mão e assim quem tiver a maior pontuação é o vencedor.

 
Os nobres mais lindos do pedaço. Foto BGG.

Saint Petersburg é daqueles jogos com regras absurdamente simples mas que tem curvas de aprendizado, você termina uma partida já querendo jogar a próxima para tentar fazer alguma coisa diferente e pontuar mais.

Em 2014 saiu uma versão com arte BEEEEM melhor e incorporando as expansões que tinham sido lançadas previamente e que adicionam cartinhas que você pode usar para fazer alguma ação e descartar além da presença de mais nobres com algum poderzinho e a adição do quinto jogador.

Uma pena que esse jogo nunca chegou por aqui no Brasil, ele foi um dos primeiros que eu conheci pós-Catan/Carcassonne e se você ficou curioso com ele pode tentar a versão digital lá no Board Game Arena.


A coisa melhorou muito de figura na edição de 2014.
 

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Superstore 3000


Lançado com toda pompa esse mês com direito a Premiere da Galápagos, o Superstore 3000 do amigo Rodrigo Rego.

Nesse jogo somos administradores de mega shoppings fazendo de tudo para conseguir chamar a maior quantidade de público para nosso empreendimento e para isso construiremos as lojas que o público pede e com alguma estratégia pegar as atrações que farão nosso shopping se destacar dentre os demais.

Cada jogador vai começar com uma entrada e três clientes, uma "régua" para ajudar a visualizar rapidamente quantos andares tem seu shopping e também um dinheirinho inicial para comprar as lojas.


Os clientes chegam na porta do shopping antes mesmo das lojas chegarem!

São separadas 6 atrações para a partida, elas ficam disponíveis para todos os jogadores, mas você só consegue colocá-las no seu empreendimento assim que cumpre determinados pré-requisitos.

As rodadas são super simples, na sua vez você pode construir alguma coisa no seu shopping ou pode pegar dinheiro do banco.

Para construir você pode pegar alguma loja disponível no mercado, sendo que algumas podem até sair de graça ou então caso já tenha conseguido cumprir os requisitos pegar alguma das atrações especiais que dão bons pontos ao final da partida.


O mercado central conta com várias lojas básicas.

As construções básicas são divididas em 3 tipos diferentes que são laser, alimentação e vestuário e além delas você tem novas entradas que trazem mais clientes para o seu shopping.

A sacada aqui é atender esses clientes sempre, para isso você precisa colocar as entradas e as lojas que eles estão procurando a uma distância que eles consigam alcançar para então ter os clientes felizes.

Quando a pilha de lojas acabar então o jogo vai para o seu final, ganham-se pontos por conjuntos de lojas iguais adjacentes, pelas atrações que você conseguir colocar no seu shopping além de uma pontuação para quem conseguir atender mais clientes e então o maior pontuador é vencedor.

Superstore 3000 é um daqueles jogos de entrada que funciona bem com todos os públicos, desde os iniciantes aos mais experientes, tem uma duração bem boa e também veio com uma produção super bacana, muito legal ver o Rodrigo conseguindo lançar tantos jogos, o cara é uma máquina!


Se você atender determinados requisitos, coloca atrações boladonas no seu shopping.
 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

Darwin's Journey

Em Darwin's Journey somos pesquisadores que seguindo os passos do grande Darwin percorrem as ilhas Galápagos catalogando a fauna e a flora local deixando suas pesquisas disponíveis para as gerações futuras.

Com um (lindo) tabuleiro central temos as áreas de livros (que são onde alocaremos nossos trabalhadores), a área de correspondência (para ganharmos pontinhos enviando nossos estudos), o museu (onde apresentaremos as espécies que fomos descobrindo) e claro o mapa das ilhas Galápagos.

Cada jogador recebe também um tabuleiro com o espaço para quatro trabalhadores, os selos que vamos usar nas correspondências e também espaços para os objetivos que vamos conquistando em nossa jornada.


A sacada maneiríssima dos selos dos trabalhadores.

O jogo terá cinco rodadas, em cada uma delas vamos mandando nossos trabalhadores para os livros de ações para que possamos realizá-las e é aí que mora uma das sacadas mais legais do Darwin's Journey.

Cada trabalhador seu começa com um selo dentre as cinco cores disponíveis no jogo, o lance é o que as ações dependem da combinação correta de você ter a cor para ação onde quer ir, seria simples se as ações tivessem um selo só, mas ações melhores precisam de mais selos em combinações de cores.


Nos livros você leva os trabalhadores para fazerem as ações descritas.

Você vai conseguindo esses selos e colocando na linha de cada trabalhador durante a partida, claro que o jogo não ia deixar a situação ficar tão feia assim pro jogador, existem os selos coringa e selos temporários, mas você precisa prestar atenção e ficar ligado em conseguir as combinações até para cumprir objetivos, achei essa sacada genial.

Mas o jogo tem muito mais coisas bacanas, as ações que você vai destravando, os objetivos, o lance de ir andando pelas ilhas descobrindo os espécimes e que vão te dando conhecimento e dinheiro (que é importante e escasso), tudo isso com apenas 4 trabalhadores por rodada, você até pode desbloquear um quinto trabalhador, mas pra isso precisa cumprir um objetivo e ainda gastar uma grana.


Você vai visitar as ilhas Galápagos, mas cuidado pra não ficar muito atrás do HMS Beagle.

Ainda rola uma corridinha bacana na fase de recompensas, onde temos o navio HMS Beagle que é o marcador das rodadas, mas os nossos barcos não podem ficar muito atrás dele pois as recompensas são boas e você perde pontos caso esteja muito atrás.

Então temos muitas coisas a serem observadas até o final da quinta rodada onde vamos pontuar o nosso conhecimento somando com outros pontos que destravamos pelo caminho até definir que é o vencedor.

Darwin's Journey é um euro bem maneiro, tem umas sacadas de mecânicas muito inteligentes e diria até diferentes do que estamos acostumados e uma duração bastante boa para esse tipo de jogo mais cabeçudo, realmente uma boa aquisição na coleção (e forte candidato a melhor do ano).


Conforme vai descobrindo as espécies você vai acumular conhecimento.

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Investigar : Livro-jogo


Segundo livro-jogo do pessoal da GGAC em Investigar somos investigadores recém chegados à Scotland Yard de uma Inglaterra Vitoriana que passa por momentos de mudanças e situação sócio-econônomicas bem complicadas.

O livro traz quatro casos para resolvermos e usa um sistema baseado em pontos de tempo e rolagem de sorte para resolvermos as situações que forem aparecendo pelo nosso caminho.

No primeiro caso precisamos descobrir quem dentre três suspeitos foi quem invadiu a National Gallery e roubou o famoso retrato do Duque de Wellington, destaque da nova exposição Retratos Reais.


Preparado para tentar quem roubou o quadro do Duque.

O desenvolvimento da história tá muito legal, o Gabriel Garcia caprichou na história e em todo o material gráfico com artes bem feitas e que remetem às dos tabloides da época.

Uma curiosidade sobre as histórias que investigaremos no livro é que são baseadas em fatos reais, nessa primeira foi um assalto real que aconteceu na Inglaterra e que o autor só transferiu para final do século XIX.

A única ressalva que eu tenho (baseado apenas na partida da primeira história) é que por ser uma das mecânicas principais do jogo a "sorte" é pouco utilizada, achava que mais situações poderia ser resolvidas com ela, até pra termos mais rolamentos de dados e não só leitura e anotação.


O livro está muito bem produzido e com artes bem bacanas.

Mas no geral Investigar nos entrega um produto bem bacana, como já destaquei a produção da GGAC é excelente, esse é o segundo livro-jogo deles e a terceira publicação e eles estão conseguindo a cada novo trabalho subir um degrau de qualidade, o que eu acho louvável.

Se você curte livros-jogo e quer fugir do habitual tema de fantasia, Investigar é uma opção bem bacana que em breve começa a venda para o público que não garantiu sua edição durante a campanha de financiamento coletivo, então fique ligado nas mídias sociais da GGAC. 


Esse meliante foi para trás das grades, vamos para o próximo caso.
 

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Yokohama


Nessa nova versão do Yokohama (que já tinha saído em 2016 e ganha essa repaginada com mini expansões inclusas) somos comerciantes no Japão que começa a fazer comércio com o ocidente e transforma a pacata ilha de pescadores em um dos principais polos de comércio do país.

A mesa é arrumada com os tiles de locais para onde enviaremos nossos trabalhadores e o presidente da sua companhia, além disso cada jogador vai receber um armazém pessoal onde teremos diversas peças que vão ficando disponíveis durante o jogo.

O jogo não tem uma quantidade fixa de rodadas mas em cada uma delas os turnos serão sempre divididos na fase de ação adicional (que pode acontecer no início ou no final do seu turno) e a fase principal de ações.


A vila de Yokohama se tornando o mais importante polo de comércio do Japão.

Na fase de ações precisamos fazer as coisas na ordem, primeiramente vamos colocar nossos trabalhadores no tabuleiro espalhando pelos tiles ou concentrando dois deles em um tile só, depois moveremos o presidente para enfim realizarmos a ação do tile em que paramos.

Pra mim a grande sacada do Yokohama está nessa colocação/movimentação das peças, o presidente precisa de um "caminho" de assistentes para chegar no tile onde você quer realizar as ações sem precisar queimar uma ação para tirá-lo da mesa (que é uma ação meio merda), além disso quanto mais trabalhadores no tile onde você for fazer a ação, mais forte ela se torna podendo te dar um retorno melhor.

Achei isso bem maneiro e é onde mora grande parte do planejamento do jogo, saber o momento de espalhar trabalhadores ou concentrá-los, tentar colocar seu presidente pelo caminho dos coleguinhas (fazendo com que eles precisem pagar uma taxa para colocar assistentes lá).


No seu armazém você tem peças que vão entrar durante a partida.

Aí a parada do jogo para fazer os pontinhos é realizar entregas das cartas de pedido, pegando tecnologias e realizando os objetivos abertos de preferência antes dos outros jogadores para assim conseguir uma pontuação maior.

O jogo vai terminar assim que algum dos gatilhos de final de jogo for disparado e depois de somarmos todos os pontinhos de final quem tiver a maior pontuação é o vencedor.

Yokohama é um excelente jogo, não é muito demorado mesmo na primeira partida, é bem inteligente e precisa de planejamento constante dos jogadores o que mantém a atenção na mesa o tempo todo, curti bastante e já entra com certeza na briga dos melhores do ano.


Cada tile tem uma ação e a força dela é medida pelas peças da sua cor.
 

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

"Session Reports" de volta

Como comentei na Retrospectiva de 2024, eu tenho voltado a jogar mais dos jogos que estavam pegando poeira na prateleira e tem sido muito gostoso revisitar grandes clássicos ou simplesmente perceber que alguns envelheceram mal e podemos esquecê-los.

Mas e como eu posso ajudar aos novos jogadores com esses jogos que eu já resenhei? Bem, de tempos em tempos eu vou fazer um Session Reports falando dos clássicos que viram mesa e deixando minha opinião atualizada e também o link caso eu já tenha escrito alguma coisa sobre eles, espero que vocês gostem.

El Grande : Quem é rei, nunca perde a majestade

De dezembro até a jogatina de ontem já viram mesa alguns jogos que estavam meio perdidos nas prateleiras dos amigos, dois jogos do mestre Wolfgang Kramer se destacaram, o El Grande (1995) que esse ano completa 30 anos e pra mim nunca perde a majestade e o Tikal (1999) outra obra-prima no quesito controle de área.

Não posso deixar da falar da partida de Brass (2007) que rolou também, esse é outro dos jogos perfeitos que estão em outro patamar de design e as versões que a Conclave chegou a trazer pra cá são lindas demais e se você tiver oportunidade de pegar qualquer uma das duas, não bobeie.


Endeavor : Um daqueles grandes jogos para mesa cheia.

Um que é uma ótima opção para mais de 4 jogadores sem perder o brilho (e sem ser muito longo) é o Endeavor que originalmente saiu em 2009 mas que recebeu uma versão linda demais em 2018 e que chegou a ser vendida no Brasil (pela Ludofy).

Outros que continuam divertidos mas que não são pra jogar toda hora são o Starfarers of Catan (1999) (ou carinhosamente apelidado de "Punheteiros" de Catan devido a inusitada forma de descobrir a quantidade de movimento da sua nave) e o Tribune (2007).

Não que sejam mal jogos, muito pelo contrário, mas é porquê percebe-se que hoje eles tem elementos que já estão batidos e fazem o jogo acabar demorando demais (ou de menos).


Starfarers : Um Catan diferenciado, ainda divertido (mas um pouco ultrapassado).

Dessa leva de jogos revisitados teve também o "fecha sessão" que é o Fist of Dragonstones (2002),  de 2002 de dois autores que eu gosto que são o Bruno Faidutti e o Michael Schacht e que um cardgame de leilão cheio de cartinhas marotas e que é uma pena nunca ter vindo para o Brasil.

De decepção o Age of Mythology (2003), aqui apelidado de "Egito, Egito" que eu lembrava ser chato, mas cara, ele é muuuuuito mais chato do que eu lembrava na realidade, mas da turma eu acho que não sou unanimidade em não gostar dele e também no reveillon rolou uma partida de Dixit Odissey (2011) em 10 pessoas que deu uma reafirmada o quanto eu não curto muito esse jogo.

É isso, aqui embaixo vou deixar os links de alguma coisa que eu já tenha escrito sobre os jogos citados caso vocês tenham interesse em conhecer mais sobre eles.


Age of Mythology : Não se deixe levar pela carinha bonita, é um jogo que envelheceu mal.

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Café


Vamos abrir os trabalhos do ano com um Café!

Jogo de cartas em que somos produtores de café e passamos pelo processo desde a plantação, secagem, torra até finalmente chegar nas cafeterias da Europa.

O jogo funciona totalmente com cartas que vão se sobrepondo umas às outras, a carta inicial de cada jogador já tem praticamente todas as coisas que você pode fazer, mas a sacada do jogo é que você começa com apenas uma ação por rodada e isso é indicado pelos ícones de cafezinho que existem nas cartas.

Cada rodada começa com os jogadores comprando novas cartas para sua área de jogo, diferente da carta inicial as cartas disponíveis para compra geralmente tem menos ícones e dificilmente tem todas as coisas que você pode realizar.


Você começa com uma carta com todos os ícones, mas vai perdendo alguns.

O lance então é tentar comprar uma carta que melhore o fluxo das suas ações e preferencialmente que te dê mais ações por rodada, mas as cartas com cafezinho tem um custo que você paga com um dos quatro tipos de grãos de café que existem no jogo.

Uma vez que você compra a carta vem a brincadeira de colocar ela na sua área de jogo, para isso você precisa sobrepor a carta recém comprada em cima de alguma que você já tenha tapando assim possivelmente alguns ícones das cartas abaixo dela.


Conforme o jogo avança, sua área de jogo vai virando um quebra-cabeças.

Essa decisão é complicadinha mas deixa o jogo bem divertido na hora de pensar em como montar suas cartas pois (como vou explicar mais pra frente) quanto mais ações adjacentes, melhor o funcionamento delas.

Terminada a fase de compra e arrumação os jogadores podem então fazer as ações definidas pela quantidade de cafezinhos que aparecem na sua área de jogo e as ações são produzir, secar, torrar e distribuir.

As ações de produzir, secar e torrar melhoram se você conseguir colocar os ícones da carta de forma adjacente para que você realize essas ações em vários ícones usando apenas um cafezinho, o que ajuda muito no seu jogo.


A quantidade de cafezinhos são suas ações na rodada.

Já a ação de distribuição você pega todos os cubos que estão torrados e entrega no seu armazém ou nos Cafés que vão aparecer nas cartas e darão boas pontuações ao final do jogo caso você atenda eles com os grãos corretos.

Ao final de 8 rodadas fazemos a pontuação dos Cafés e do armazém e quem tiver mais pontos é o vencedor.

Café é um bom jogo de cartas, me incomoda um pouco ele ser meio "multiplayer solitaire" onde a fase de ações inclusive pode ser jogado de forma simultânea que não faz a menor diferença, mas ainda assim é um jogo que vale à pena conhecer.