Passando o olho pelas notícias sobre jogos pelo mundo, me deparo com o anúncio do jogo A'Writhe: A Game of Eldritch Contortions, da Wizkids, que nada mais é do que o Twister (de 1966) com uma roupagem "lovecraftiana" e fiquei pensando em quantos jogos bebem de antigas referências e resolvi escrever um pouco sobre o assunto.
Desde sempre os jogos de tabuleiro estão presentes na vida da sociedade, jogos como Jogo Real de UR e Senet estão aí a mais de 2000 anos então de lá para cá muita coisa foi inventada, e chega uma hora que as inovações parecem não mais acontecer e é necessário dar uma reciclada em mecânicas dando uma modernizada nelas para que o mercado as absorva.
A mancala do Trajan, um ótimo exemplo
de reaproveitamento de uma ideia antiga. Foto BGG.
de reaproveitamento de uma ideia antiga. Foto BGG.
Se pararmos para analisar, alguns grandes jogos modernos, se utilizam de mecânicas super antigas. Cito aqui o Trajan, do Stefan Feld, cuja mecânica principal foi tirada da Mancala (700 d.C.) e o Karuba, do Rüdiger Dorn, que pega do tradicional Bingo (1530) e transforma num jogo infinitamente melhor.
De tempos em tempos somos brindados com novidades, como foi o caso do Puerto Rico com a seleção de papeis, que embora não tenha sido o primeiro, foi o que divulgou esse tipo de mecânica para o mundo, o Agricola, com o seu worker-placement, o Dominion e o deck-builing, e mais recentemente o Pandemic, explodindo jogos da linha Legacy.
Coincidência ou não, todos os casos citados foram sucessos tão grande que ficaram no topo do ranking do Board Game Geek, o maior portal de jogos de tabuleiro do mundo.
O Senhor dos Aneis : O Confronto, já transforma um jogo
simples (o Combate de 1947) em algo mais estratégico. Foto BGG.
simples (o Combate de 1947) em algo mais estratégico. Foto BGG.
O grande lance, é que hoje, está praticamente impossível ser totalmente original nos jogos, de uns anos para cá, em cada grande evento são apresentados em média mais de 500 jogos, e cada vez mais os autores estão precisando inovar, seja visualmente com miniaturas mais lindas ou "traquitanas" que façam alguma coisa diferente.
Fato é que ao ler uma regra hoje em dia, na maioria dos casos aquela sensação de "déjà vu" fica cada vez mais evidente, e ainda assim, a cada novo jogo ainda podemos ser surpreendidos com mecânicas clássicas usadas de forma nova interessante.
Mas ainda temos espaços para surpresas,
como o Pandemic Legacy. Foto BGG.
como o Pandemic Legacy. Foto BGG.
3 comentários:
Po, pera lá Cacá... eu sei que você não gosta do bendito, mas colocar o Agricola como quem trouxe o work-placement pra luz é feio... o Caylus (#46 do BGG, ainda a venda) eh de dois anos antes!
O Caylus pode ter sido o primeiro, mas quem difundiu foi o Agricola... Mesmo caso do Meuterer e do Puerto Rico... :)
Concordamos em discordar.
O Caylus chegou a ser segundo no ranking do BGG (atras apenas do PR na epoca), e ganhou o Spiel de Jahres em 2006. Isso para mim eh um grande indicativo de popularidade.
Antes do Agricola, ainda vieram o Pillars (2006), o Manila (2005) e o Leonardo Da Vinci (2006). 2007 foi um ano em que varios jogos de worker placement foram publicados: AoE III, Tribune, Key Harvest, e o proprio Agricola, entre outros. Isso mostra para mim que a mecanica jah tinha sido popularizada antes do Agricola, e ele eh apenas o jogo de maior sucesso dentro do estilo (o que eh um puta merito por si soh).
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